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AMIGOS DA TERRA TÊM O COMPROMISSO DA SMAM DE REEDITAR A CARTILHA DO CICLISTA

Dentro do Projeto Quartas Temáticas da Cidade, o Núcleo Amigos da Terra Brasil trouxe ontem à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAM) o Coordenador do Grupo Técnico de acompanhamento do Plano Diretor Cicloviário Integrado de Porto Alegre, Régulo Ferrari. Conforme explicou, o projeto deve ficar pronto até 31 de outubro e a partir daí já poderá ser aberto à licitação, uma vez que, a aprovação do projeto de lei pela Câmara de Vereadores é tida como certa. A conclusão das obras fica para 2008.

A seleção dos locais das ciclovias contemplou as avenidas Sertório, Assis Brasil, Ipiranga e Restinga. A ambientalista do Núcleo Amigos da Terra, Kathia Vasconcelos Monteiro, comemora a garantia de realização do projeto.

“Há dez anos que começou este trabalho e finalmente vai sair; e estamos muitos felizes porque vemos que as demandas que chegaram aos Amigos da Terra foram contempladas, como a ciclovia na Sertório e Restinga,” disse.

O projeto é de 15 quilômetros, mas há uma expectativa de que se alcance 18 quilômetros. O investimento deverá ser de R$ 1,5 milhão e está previsto no orçamento de 2008, somado à contrapartida.

O compromisso assumido pelo Secretário de Meio Ambiente, Beto Moesch, nesta edição das Quartas Temáticas da Cidade, é de reeditar a Cartilha do Ciclista – de valor reconhecido nacionalmente -, a partir de recursos provenientes do Fundo Municipal de Meio Ambiente. Vale ressaltar que há ciclovias em Porto Alegre, mas somente em domingos e feriados e, em trechos da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, Caminho dos Parques, Corredor da Cascatinha e III Perimetral.

Em dia de trânsito normal, nestes e em vários outros pontos da cidade, os ciclistas, por causa da pouca informação, acabam sendo vítimas de acidentes. Ferrari mencionou estatística da EPTC que revela que ocorre, em Porto Alegre, um acidente de bicicleta por dia e se registra, também em média, uma morte por mês.

Dentre as manifestações do público, se destaca a preocupação com a falta de manutenção do Caminho dos Parques. Ao que na opinião de Ferrari, se trata de uma via insegura e que deveria ser desativada. “Há muitos problemas para solucionar,” opinou, mas não sem causar indignação entre ciclistas usuários daquele trecho.

A próxima palestra debate das Quartas Temáticas da Cidade vai acontecer no dia três de outubro na SMAM sobre a “Futura sede dos Amigos da Terra – Centro de Referência em Arquitetura Sustentável no Meio Urbano”, com a equipe CaSaNaT (Criação em Arquitetura Socioambiental para o Núcleo Amigos da Terra).

 

Eliege Fante DRT/RS 10.164
Assessora de Imprensa
Núcleo Amigos da Terra Brasil

DISCUSSÃO DO DIA TRÊS VAI SER SOBRE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA PORTO ALEGRE

Nova sede do Núcleo Amigos da Terra/Brasil será Centro de Referência para Edificações Sustentáveis.

Na próxima quarta-feira, dia 03 de outubro, dando sequência ao Projeto Quartas Temáticas da Cidade, feito em parceria entre o NAT/Brasil e a SMAM e viabilizada pelo Fundo Municipal do Meio Ambiente (FMMA), será apresentado o Projeto Futura Sede dos Amigos da Terra – Centro de Referência em Arquitetura Sustentável no Meio Urbano, com a equipe CaSaNaT (Criação em Arquitetura Sócio-Ambiental para o Núcleo Amigos da Terra).

Em 2005 foi firmado o contrato de cedência para uso gratuito do imóvel, que já abrigou uma escola, e está situado na Rua Olavo Bilac, no bairro Cidade Baixa. Em 2006 um grupo de dez arquitetos se uniu para desenvolver uma instalação de redes de proteção RJ e um Projeto Arquitetônico que além de contemplar a Sede Permanente do Núcleo Amigos da Terra/Brasil, também será Centro de Referência para Edificações Sustentáveis e abrigará o Centro de Documentação Magda Renner.

A etapa final do projeto que foi concluída em abril de 2007 está em fase de captação de recursos para a execução e possibilitará o uso eficiente da energia; o aproveitamento passivo da luz solar para a iluminação e conforto térmico; o uso demonstrativo da energia solar térmica e fotovoltaica; o reaproveitamento de materiais de construção e o uso de materiais de baixo impacto ambiental; a coleta e utilização da água da chuva; a redução, reutilização, separação correta e reciclagem de resíduos.

Será uma grande oportunidade de discutir além do projeto e a sua viabilidade, as alternativas para se construir aplicando tecnologias de baixo impacto viáveis na cidade, integrando aspectos de desenho bioclimático com a preservação do patrimônio histórico, qualificando os espaços.

É uma forma de conhecer diversas possibilidades de construção e adaptação de espaços já construídos, e agir como catalisador na transformação de nossa cidade em um local mais sustentável. Participe!

O encontro será realizado no dia 03 de outubro, na sede da SMAM, na Av. Carlos Gomes 2120, sala 111, das 17hs às 18h30min.

Confira toda a programação das Quartas Temáticas da Cidade:
07/11/2007 – O Projeto Monumenta: ações para a sustentabilidade do centro histórico de Porto Alegre, com a coordenadora do projeto Briane Bicca.
05/12/2007 – Cidades mais sustentáveis, com o coordenador da Linha de Pesquisa em Comunidades e Edificações Sustentáveis do NORIE/UFRGS, Miguel Sattler.
09/01/2008 –  Propostas para espaços públicos sustentáveis em Porto Alegre, com Oscar Francisco Carlson, da SMAM.

Rochele Bagatini
Responsável pelo Projeto Quartas Temáticas da Cidade
Núcleo Amigos da Terra/Brasil

 

MULHER E MEIO AMBIENTE

Mesmo que a questão da desigualdade entre homens e mulheres tenha sido publicamente colocada como tema de debate e de luta desde o século XIX e apesar de se observar uma maior participação da mulher no espaço público nas últimas décadas em redutos antes reservados ao sexo masculino, a aplicação dos direitos femininos está aquém do desejado, podendo-se até pensar na ocorrência de um certo retrocesso, em determinadas áreas.

Um estudo do AGENDA(2002) mostrou, por exemplo, que na esfera da gestão ambiental, a inclusão de gênero ocorre de forma tímida e esporádica.

Ao rever alguns trabalhos sobre a questão de gênero, comecei a me perguntar até que ponto existem diferenças, tanto nos papéis sociais de cada sexo quanto no que diz respeito à degradação do meio ambiente e os efeitos desta degradação no quotidiano dos homens e das mulheres.

Esta rápida releitura me levou à conclusão de que existem sim diferenças nesta relação de gênero e meio ambiente, desfavorável ao sexo feminino, até pela sua própria condição de SUBORDINAÇÃO na esfera sociofamiliar.

É evidente que, dentro desta afirmação, temos que considerar uma série de variáveis como: gênero e classe social; etnia; cor da pele; religião; nível de escolaridade, enfim a influência cultural própria à cada sociedade.

A partir daí comecei a levantar uma série de questões aqui colocadas, com o intuito de colaborar na reflexão e no debate sobre o tema.

No isolamento social do trabalho doméstico NÃO REMUNERADO trabalho, aliás, necessário à reprodução social, como a mulher degrada e sofre os efeitos desta degradação ambiental? Há diferença nesta relação com ambiente considerando as diferenças de gênero? Se dividirmos o espaço físico de vivência entre o urbano e o rural, onde se dá a maior degradação do ambiente e, da mesma forma, onde os efeitos serão mais sentidos pela mulher? Há uma sobrecarga do trabalho feminino maior no mundo rural?

Pelo fato de as mulheres serem diretamente responsáveis pelo bem-estar da família e em especial as mulheres pobres, a pressão diária pela sobrevivência recai com mais força sobre elas. Logo, aqui já se nota o entrelaçamento entre gênero e classe social. Se aprofundarmos um pouco mais a análise, acrescentaremos um terceiro elemento a esta relação: o ambiente.

Nos países pobres quem “bota a lata d’água na cabeça” são, em geral, as mulheres. São elas responsáveis também pela coleta e elaboração de alimentos, preocupando-se com a segurança alimentar da família. Da mesma forma, a higiene e a saúde da família ficam à cargo delas. Isto significa que as questões ligadas à precariedade da infraestrutura atingem em cheio o trabalho feminino.

No espaço público, concentram-se no setor informal e nas profissões de menos prestígio, com salários inferiores aos dos homens. Não podemos deixar de falar também na dupla ou até tripla jornada de trabalho da mulher, quer seja no âmbito rural ou no urbano.

Um estudo da Red Internacional de Género y Comercio mostrou como os ajustes provocados pelas políticas da OMC, impostas pelas IFIS, têm reforçado o papel marginal das mulheres e dos grupos mais vulneráveis, trazendo impactos negativos no cotidiano das pessoas e do meio ambiente.

Para demonstrar isto, basta pegar o caso das privatizações: ao impedir o acesso universal aos serviços básicos, aumenta a exploração do trabalho da mulher em geral, – como nos setores de produção para exportação, bem como no âmbito das tarefas domésticas cotidianas, exigindo maior esforço da dona-de-casa para o mesmo resultado.

Sobre a relação Gênero x Consumo, inicialmente temos de começar pelas diferenças entre os sexos na questão do trabalho, voltando ao que foi dito anteriormente: concentram-se as mulheres nos setores menos estruturados e nas profissões menos valorizadas; ganham menos que os homens; desenvolvem mais de uma jornada de trabalho.

Isto interfere diretamente no consumo de produtos e de serviços, muitas vezes não tendo acesso ao mercado, no caso das mulheres pobres. Mesmo considerando as diferenças de classe social, a mulher é o maior segmento consumidor (observação empírica), tanto para ela quanto para a família.

Não é por nada que o MERCADO, reconhecendo isto, tem todo um marketing diferenciado para este segmento.

Tratando-se de mulheres de classes abastadas, perguntamos: há alguma preocupação com o tipo de produto que consome? Sendo rica ou sendo pobre, há  alguma preocupação em reduzir o desperdício (e/ou o consumo) da água, do gás, da eletricidade, etc? Nas áreas de escassez, naturalmente há este cuidado.

Mas, se a mulher é pobre, como e onde busca o suprimento para a família? Um estudo do ISIS Internacional, de 1993, mostrou claramente a relação entre POBREZA E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL, dizendo que: aumentou o número de famílias pobres na América Latina e, junto a isto, aumentou o número de famílias cujo chefe é a mulher (20% das famílias pobres na América Latina são chefiadas por mulheres e 80% da população vive em área onde a destruição ecológica ameaça a qualidade de vida).

Responsável pelo bem-estar cotidiano da família, a mulher pobre sob essa pressão tem que tirar o sustento da prole de algum lugar, degrade ou não o meio ambiente. Em outras palavras: devido às tradicionais LIMITAÇÕES econômicas e socioculturais que afetam as mulheres, elas, assim como os pobres em geral, adotam estratégias de sobrevivências que levam à degradação ambiental. Logo, existe uma relação, também, entre este tipo de família e a degradação do meio ambiente.

Outro exemplo utilizado pelo mesmo estudo é sobre a contaminação dos mananciais pelos agrotóxicos forçando a busca da água cada vez mais distante da moradia, bem como a questão da devastação florestal, obrigando as mulheres a se adentrar cada vez mais em busca da lenha para o uso doméstico. Nota-se aqui também as diferenças regionais nos níveis de desenvolvimento e na sua relação com a questão gênero.

Há ainda uma outra questão a ser abordada: a explosão populacional e a miséria. Alguns pensam que o esgotamento dos recursos naturais é devido ao crescimento acelerado e até desordenado da população.

As feministas recusam esta tese lembrando o modelo de desenvolvimento depredador e socialmente injusto. Nós perguntamos: a mulher enquanto matriz geradora é sozinha responsável pela explosão demográfica e pela miséria que cresce assustadoramente? Por outro lado, quem educa os filhos dentro dos PADRÕES ATUAIS DE CONSUMO, inclusive dentro dos padrões de beleza que alimentam a indústria da moda e dos cosméticos?

E, por fim, algumas indagações sobre a guerra: qual a relação que existe entre a guerra e gênero? Quem faz a guerra, os homens ou as mulheres? A indústria bélica, destruidora da VIDA do planeta, está nas mãos dos homens.

Mas, as mulheres rebelam-se contra o envio de seus filhos para a guerra? As mulheres não fazem a guerra por que não estão no poder ou por que historicamente não foram educadas para isto? Ou é também uma questão de força física, no caso de uma análise do processo histórico da guerra?

A democracia grega era uma democracia de COMBATENTES e as mulheres não eram consideradas como tal. No entanto, através da história vê-se que elas eram o BOTIM de guerra dos homens. Eu prefiro acreditar que a mulher não faz a guerra porque é a MATRIZ DA VIDA.

Não é por nada que o feminismo surge junto com outras duas importantes tendências da história da humanidade: o PACIFISMO e o SOCIALISMO, havendo tudo a ver com a preservação da vida e logo, com o AMBIENTALISMO.

Maria da Conceição de Araújo Carrion
Professora/Ativista do NAT/Brasil

QUARTAS TEMÁTICAS DA CIDADE ESTREIA DISCUTINDO ENERGIA SOLAR EM POA

No dia 08 de agosto de 2007 aconteceu na Secretaria Municipal de Meio Ambiente a primeira palestra-debate do Projeto Quartas Temáticas da Cidade, que abordou o tema “A lei solar transforma Porto Alegre numa cidade solar?”, com o convidado Délcio Rodrigues.

O projeto Quartas Temáticas, que já vinha sendo desenvolvido pelo Núcleo Amigos da Terra/Brasil há 4 anos sempre discutindo assuntos relevantes, ganhou a importante parceria da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM), e eventos específicos sobre a cidade de Porto Alegre.

Nomeado Quartas Temáticas da Cidade o projeto que iniciou no dia 08 de agosto e terminará no dia 09 de janeiro de 2008, traz seis palestras/debate, uma por mês, e está sendo viabilizado pelo Fundo Municipal do Meio Ambiente (FMMA).

O primeiro evento tinha como objetivo trazer à tona o que está sendo realizado no Brasil e no mundo e, principalmente, o que pode ser feito em Porto Alegre, sobretudo depois de aprovada a Lei Complementar nº 560, em janeiro de 2007, que institui o Programa de Incentivos ao Uso de Energia Solar nas Edificações.

Abriram o evento o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, e a coordenadora geral do NAT/Brasil, Lúcia Ortiz, que introduziram o projeto Quartas Temáticas da Cidade e apresentaram o palestrante Délcio Rodrigues, coordenador da iniciativa Cidades Solares e pesquisador associado ao Instituto Vitae Civilis/SP.

Durante a palestra, Délcio chamou a atenção para as potencialidades solares do Brasil, que possui uma insolação direta média de 2200 horas por ano, o que significa 15 trilhões de MWh ou 50 mil vezes o consumo nacional de eletricidade.

A utilização da energia solar como fonte energética seria uma das soluções para a crise ambiental que possui ligação direta com a questão energética oriunda, principalmente, de hidrelétricas e termoelétrica.

Délcio também trouxe importantes dados comparativos entre países com menor potencial solar, como Israel e Áustria, que respectivamente tem hoje 67,1 e 17,5 m2 de aquecedores solares por 100 habitantes, enquanto no Brasil usamos apenas 1,2 m2.

Hoje, no Brasil, 67% dos lares têm chuveiro elétrico, responsáveis por entre 18% e 25% do pico de demanda do sistema elétrico nacional, segundo dados da Agência Internacional de Energia (IEA). “Isto acaba se tornando uma desculpa para construírem hidrelétricas.

Estamos acostumados a enxergar apenas pelo lado do consumo e não pela oferta”, acrescentou.

Segundo o palestrante se reduzirmos esta porcentagem do pico de demanda, sobre a qual é dimensionada a matriz energética nacional, várias obras com impactos socioambientais – como a construção de hidrelétricas, termoelétricas e nuclear – não seriam necessárias, além de reduzir o investimento na geração, na transmissão e distribuição de eletricidade.

Também foi mostrada uma pesquisa realizada sobre empregos gerados por diferentes fontes de energia, onde a solar aparece com até 100 mil postos de trabalho anuais por TeraWatt-hora, enquanto que a hidroeletricidade gera apenas 250 postos. Carvão e álcool geram respectivamente 370 e 5 mil postos, aproximadamente.

Outro exemplo citado vem de países que já tiveram leis solares aprovadas, e com bons resultados, como Israel, Espanha, México e Portugal.

No Brasil, existem hoje alguns municípios com leis aprovadas, são eles Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Campo Grande, Birigui e Varginha. Entre os municípios que já possuem projetos de lei sendo discutidos estão Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba, Juiz de Fora, Campinas, Piracicaba, Londrina e Peruíbe.

Ainda existem projetos de instalação de aquecedores solares em Habitações de Interesse Social no Rio de Janeiro (Retiro dos Artistas e Formoso), e em Contagem/MG (Sapucais). Neste último caso foi registrado uma diminuição de 64 KWh/mês por residência, isso significou uma diminuição de R$ 51, em famílias que tem renda até 3 salários mínimos.

Durante todo o evento foram debatidas medidas práticas de inclusão da energia solar nas políticas públicas municipais e foram apontadas sugestões importantes como:

  • necessidade urgente de regulamentação na Lei Complementar nº 560, com especificações;
  • prêmios e linhas especiais de crédito para instalação de aquecedores, assim como, incentivos fiscais;
  • campanhas públicas de educação ambiental específicas;
  • manuais práticos para sociedade civil, poder público e empreendedores, com relação de profissionais habilitados, endereços e representantes;
  • necessidade do poder público servir como exemplo, utilizando a energia solar em hospitais e clubes municipais;
  • uma revisão detalhada no código de obras que inclua mais fortemente a variável ambiental, sobretudo, no que diz respeito à energia solar;
  • introdução de temas relacionados à construção com energias mais sustentáveis nos currículos das instituições de ensino.

O Secretário Beto Moesch, ao finalizar, salientou os projetos que deverão ser desenvolvidos pela Prefeitura com o intuito de utilizar energia solar, como a Praça Ecológica e o novo Teatro da OSPA.

Ainda lembrou que as discussões sobre esse assunto não cessam, e que esse ano os grandes eventos como a Semana Farroupilha e a Feira do Livro de Porto Alegre terão o Meio Ambiente como tema de destaque.

A LEI SOLAR DE PORTO ALEGRE É DEBATIDA NAS QUARTAS TEMÁTICAS

Parceria da SMAM com os Amigos da Terra trará palestras sobre temas relacionados à cidade.

Com o objetivo de dar maior visibilidade ao tema sustentabilidade na cidade, inicia-se em 08/08/2007 o projeto “Quartas Temáticas da Cidade”, a partir de uma parceria da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMAM) e do Núcleo Amigos da Terra/Brasil, viabilizada pelo Fundo Municipal do Meio Ambiente (FMMA). A proposta é debater as questões relacionadas à problemática socioambiental, relevantes no contexto atual, para a cidade de Porto Alegre.

O primeiro debate será “A Lei Solar transforma Porto Alegre numa Cidade Solar?”, com o coordenador da iniciativa Cidades Solares e pesquisador associado ao Instituto Vitae Civilis/SP Délcio Rodrigues. A palestra discutirá a lei municipal, nº560 de 03/01/2007, que criou o Programa Municipal de Incentivo à Energia Solar e está em processo de regulamentação e implementação pela Prefeitura.

Para o pesquisador essa lei “é um primeiro bom passo para a construção de uma cidade solar”. E completa “entretanto, vários outros aspectos da sustentabilidade nas edificações e nas cidades ainda precisam ser trabalhados para a construção de uma cidade sustentável”, afirma.

Pois para ele a cidade que (re)construimos hoje definirá nosso compromisso futuro com a sustentabilidade do Planeta.

“Assim como a infraestrutura, as edificações têm vida útil de várias décadas e a demanda por água, energia e serviços ambientais estabelecidos quanto da definição do projeto e de sua implantação acontecerá ao longo de toda a vida útil das obras”, argumenta.

O encontro será realizado na sede da SMAM, na Av. Carlos Gomes 2120, sala 111, das 17hs às 18h30min.

Histórico das Quartas Temáticas

O Núcleo Amigos da Terra/Brasil realiza desde 2004 encontros chamados de “Quartas Temáticas”, debates sobre temas importantes e questões socioambientais em pauta. Proporcionando ao público em geral informações atuais sobre meio ambiente.

As reuniões reúnem especialistas, sócios, simpatizantes e amigos da entidade para discutir as questões do momento.

Os encontros têm como objetivo nivelar o conhecimento entre especialistas, sócios, simpatizantes e amigos da entidade, sobre o que a organização faz, além de, fornecer subsídios para a definição das posições adotadas pelos Amigos da Terra.

Confira toda a programação das Quartas Temáticas da Cidade:

12/09/2007 – Plano Diretor Cicloviário Integrado de Porto Alegre, com Régulo Ferrari da EPTC.
03/10/2007 – Futura sede dos Amigos da Terra – Centro de Referência em Arquitetura Sustentável no Meio Urbano, com a equipe CaSaNaT (Criação em Arquitetura Sócio-Ambiental para o Núcleo Amigos da Terra).
07/11/2007 – O Projeto Monumenta: ações para a sustentabilidade do centro histórico de Porto Alegre, com a coordenadora do projeto Briane Bicca.
05/12/2007 – Cidades mais sustentáveis, com o coordenador da Linha de Pesquisa em Comunidades e Edificações Sustentáveis do NORIE/UFRGS, Miguel Sattler.
09/01/2008 – Propostas para espaços públicos sustentáveis em Porto Alegre, com Oscar Francisco Carlson, da SMAM.

Silviene Lopes
Assessora de Imprensa (MTb 12778)
Núcleo Amigos da Terra/Brasil

AMIGOS DA TERRA NA LUTA CONTRA AS BARRAGENS

Há dez anos é celebrado, em 14 de março, o Dia Internacional de Luta Contra as Barragens. Só no Brasil, estas obras já deslocaram mais de um milhão de pessoas e inundaram dezenas de milhares de quilômetros quadrados de terras férteis, florestas e territórios indígenas.

O impacto da construção de grandes centrais hidrelétricas e a destruição dos rios e dos modos de vida dos povos ribeirinhos impulsionaram a criação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Juntamente com outros movimentos sociais no nível mundial, cientistas e ambientalistas reunidos, no Brasil, para participar das mobilizações organizadas pelo MAB, impulsionaram a criação da Comissão Mundial de Barragens em 1997.

Esta Comissão divulgou, em 2000, suas conclusões e recomendações, que até hoje não foram incorporadas pelos governos nem pelos bancos que financiaram o processo e seguem promovendo a construção de barragens.

No Brasil, os planos do Governo Lula para a aceleração do crescimento a qualquer custo incluem a retomada de velhos projetos já condenados pela sociedade civil, como é o caso do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, no rio Xingu.

Também na Amazônia, o Governo Federal tem como projeto prioritário a construção de um complexo hidrelétrico hidroviário no rio Madeira, o principal fluente do rio Amazonas, cuja bacia abrange territórios na Bolívia e no Peru.

Amigos da Terra Brasil apoia as campanhas nacionais contra a construção de barragens na Amazônia e vem alertando governos e sociedade civil para a destruição do rio Uruguai.

Atualmente, os principais remanescentes da Floresta Atlântica no Rio Grande do Sul encontram-se na bacia do rio Uruguai que está bastante ameaçada devido à execução de um plano de aproveitamento hidrelétrico que inclui mais de 30 obras, entre as quais os desastres ambientais e sociais das usinas de Barra Grande, Itá e Campos Novos, empreendimentos em operação.

Em articulação nacional com ONGs, sindicatos e movimentos socais, Amigos da Terra atua no Grupo de Trabalho Energia do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pela construção democrática de uma política energética sustentável para o Brasil.

Essa política tem como objetivo priorizar a eficiência e suficiência energética, a geração descentralizada de energia elétrica por fontes renováveis – como a solar, a eólica, do biogás e da biomassa – e o fim dos subsídios para as indústrias eletrointensivas, cuja expansão comanda as expectativas de crescimento da demanda de energia elétrica no Brasil.

Foto acervo dos Amigos da Terra: Gilselda Castro, sócia fundadora da ADFG-Amigos da Terra, durante manifestação contra o Banco Mundial, em Washington (década de 80): Amigos da Terra estiveram presentes desde o início desta luta, protestando dentro e fora do Brasil contra os financiamentos públicos do Banco Mundial para a construção de grandes centrais hidrelétricas.

PRÊMIO DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

A ambientalista da ONG Amigos da Terra Magda Renner, uma das precursoras do movimento ambientalista no Brasil, foi uma das personalidades homenageadas pelo II Prêmio Responsabilidade Ambiental na cerimônia de premiação, que aconteceu no dia 21 de dezembro, no Theatro São Pedro. Na ocasião, Magda foi destacada pela sua corajosa e destemida atuação como uma das pioneiras na preocupação ambiental no Rio Grande do Sul.

O Secretario Estadual de Meio Ambiente, Cláudio Dilda, em seu discurso de encerramento, prestou também homenagem a Giselda Castro que estava no auditório prestigiando a premiação da colega de luta. “Estas mulheres não tiveram medo de começar”, destacou Dilda que ainda afirmou ter feito questão de entregar o prêmio à Magda Renner por considerá-la um ícone na luta ambientalista.

Premiação
Empresários e personalidades gaúchas que se destacaram no aspecto ambiental receberam o selo de responsabilidade ambiental. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (SEMA) também homenageou com o diploma todas as instituições que trabalharam junto com o governo do Estado, de forma a preservar o Rio dos Sinos e em função da atuação no episódio da mortandade de peixes.

O Prêmio foi instituído pela SEMA, em 2005, e idealizado pelo Instituto Latino-Americano de Proteção Ambiental Borboleta Azul, com apoio da Associação Rio-Grandense de Imprensa (ARI). O Prêmio Responsabilidade Ambiental visa reconhecer o trabalho e a preocupação das empresas no que diz respeito aos aspectos ambientais. A construção de um novo modelo de desenvolvimento sustentável é uma tarefa inadiável para o futuro da humanidade.

Crédito foto: Adriano Becker

AMBIENTALISTAS GAÚCHOS REALIZAM MANIFESTO NO RIO DE JANEIRO

O movimento ambientalista gaúcho mostrou a sua cara e provou, mais uma vez, que não está para brincadeira.

 Ambientalistas de todas as gerações realizaram um aluguel de van RJ com motorista e lotaram o auditório, onde estava sendo realizada a reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema), nesta quinta feira, dia 20 de julho.

A intenção da mobilização foi dar um fim ao impasse ocasionado pelo governo do Estado que não reconhece as indicações da Assembleia Permanente das Entidades em Defesa do Meio Ambiente (Apedema) para vaga ambientalista no Consema.

Um documento, com mais de 30 assinaturas, foi lido e entregue ao presidente do Conselho. Entre as reivindicações do movimento ambientalista gaúcho estava o pedido de cumprimento da resolução 107 do Consema, de setembro de 2005, que delega a indicação das entidades ambientalistas ao seu coletivo, a Apedema.

O manifesto solicitou, também, que seja dada a posse as cinco entidades indicadas pela Apedema e o afastamento da Associação Amigos da Floresta da vaga ambientalista.

O secretário municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre, Beto Moesh, que participou da elaboração da lei que criou o Consema, esteve presente no ato e se manifestou no sentido de esclarecer o artigo 8o da Lei 10.330 /1994 que trata da indicação das entidades ambientalistas.

“A lei prevê que cada setor indique seus representantes para ter assento no Consema, desta forma as cinco entidades devem ser indicadas pelo movimento ambientalista”, enfatizou.

Ele ainda fez um apelo ao secretário estadual do Meio Ambiente, “precisamos clarear esta situação, temos que levar esse manifesto do movimento ambientalista ao conhecimento do governador do Estado”, ressaltou.

A procuradora de justiça Sílvia Capelli se manifestou na ocasião informando que o Centro de Apoio e defesa do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual (MPE) já encaminhou parecer ao Consema atestando que a entidade Amigos da Floresta não é ambientalista, portanto, não poderia estar ocupando tal vaga.

De acordo com a procuradora, o MPE abriu um processo para acompanhar a questão da representação das ongs ambientalistas no conselho.

Após as manifestações em plenário de integrantes do movimento ambientalista, o presidente do Consema, Valtemir Goldmeier, se comprometeu a encaminhar o documento e as declarações feitas ao secretário estadual do Meio Ambiente que deve entregar ao governador para que sejam tomadas as devidas providências.

Avaliação

A ambientalista de longa data Hilda Zimmermman ficou satisfeita com o ato, pois acredita que esta foi uma oportunidade para o movimento mostrar a sua importância, “nós estávamos sendo ignorados e esse encontro foi uma explosão do silêncio em que nos enclausuraram”, enfatizou.

A vice presidente do Núcleo Amigos da Terra/Brasil, Kathia Vasconcellos Monterio, acredita que o movimento mostrou, mais do que nunca, a sua força, “ o movimento é firme e determinado e estamos aí para quem quiser ver”, declarou.

Para a representante da Associação Gaúcha de Proteção do Ambiente Natural (Agapan), Edi Xavier, os ambientalistas mostraram que estão articulados e unidos na luta pelo meio ambiente,“hoje, o governo viu que o movimento ambientalista gaúcho está organizado e que tem uma Apedema forte”, destacou.

Entre os ambientalistas que participaram do ato também estavam: Augusto Carneiro, Lara Lutzenberger, da Fundação Gaia e Tânia Pires, do Greenpeace. Ainda estavam presentes as entidades: Upan, Pangea, União pela Vida, Ingá, Mira Serra, Araçá Piranga, Assecan, APN-VG, Ama-Guaíba, Marica e Saalve.

Histórico

Este impasse teve início em 2005, quando o Núcleo Amigos da Terra (NAT/Brasil), uma das mais antigas e atuantes entidades ambientalistas do Brasil, foi substituída no Consema, por um “canetaço” do Governo do Estado, pela entidade Associação Amigos da Floresta, organização ligada ao setor de base florestal do Rio Grande do Sul. Esta substituição feriu o princípio de representatividade prevista na Lei 10.330 /1994 que criou o Consema, já que Amigos da Floresta não é uma entidade ambientalista.

O movimento ambientalista tentou resolver o impasse de forma amigável através da aprovação da resolução 107 do Consema. A resolução, que tem validade para as nomeações a partir da sua publicação, não foi respeitada pelo governo do Estado que não nomeou as entidades indicadas pela Apedema.

A Casa Civil questiona a legalidade da indicação da Apedema. Assim, em abril deste ano, as entidades ambientalistas que estavam no Consema se retiraram do conselho como forma de protesto. O assunto foi encaminhado a Câmara Técnica de assuntos jurídicos do Consema.

A perda de espaço das ONGs indicadas chegou ao auge na reunião do mês de junho do Consema, quando foi proposto, pela Câmara Técnica de Assuntos Jurídicos do conselho, um sorteio como forma de definir as entidades que participariam do Consema.

A lei que criou o conselho não prevê os mecanismos de indicação das entidades e estabelece que cada setor indique seus representantes para ter assento no Consema. A Resolução 107 preenche uma lacuna sobre a indicação das ongs ambientalistas.

O manifesto realizado pelo movimento ambientalista teve como objetivo solucionar este impasse.

Daniele Sallaberry – Núcleo Amigos da Terra/Brasil

AMBIENTALISTAS E ARACRUZ DISCUTEM IMPACTOS DE FÁBRICA DE CELULOSE NO RS

A Aracruz realizou na última sexta-feira, em Porto Alegre, reunião com entidades ambientalistas para discutir localização de empreendimento. Não houve novidades. Espera receber as entidades na sua fábrica local.

Porto Alegre, RS – Muitas foram as questões levantadas pelas organizações ambientalistas gaúchas na reunião promovida pela Aracruz Celulose na qual foi apresentada o possível projeto de ampliação da empresa. O encontro aconteceu nesta sexta-feira (6), no Hotel Embaixador, em Porto Alegre.

Segundo o diretor de operações, Walter Lídio Nunes, a companhia está ainda estudando o melhor local para instalar a empresa, “estamos analisando e levando em conta todas as perspectivas: aspectos logísticos, florestais e sociais”, explicou.

A companhia pretende construir uma planta industrial com capacidade para 1 milhão de toneladas/ano de celulose. Junto com o Rio Grande do Sul, concorrem Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Atualmente com 42 mil hectares de plantações de eucaliptos no estado gaúcho, distribuídos em 24 municípios da região metropolitana e Vale do Jacuí, a empresa, com a possível ampliação, deve plantar mais 100 mil hectares.

Os  ambientalistas demonstraram grande preocupação com o branqueamento da celulose, um processo que envolve várias lavagens para retirar impurezas e clarear a pasta que será usada para fazer o papel. “Eu acho um absurdo que tenha papel higiênico branqueado”, questionou Vicente Medaglia do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais.

O uso de produtos químicos altamente tóxicos na separação e no branqueamento da celulose representa um sério risco para a saúde humana e para o meio ambiente – comprometendo a qualidade da água, do solo e dos alimentos. Até pouco tempo, o branqueamento era feito com cloro elementar, que foi substituído pelo dióxido de cloro para minimizar a formação de dioxinas (compostos organoclorados resultantes da associação de matéria orgânica e cloro).

Embora essa mudança tenha ajudado a reduzir a contaminação, ela não elimina completamente as dioxinas. Esses compostos, classificados pela Agência Ambiental Norte-Americana (EPA), como o mais potente cancerígeno já testado em laboratórios, também estão associados a várias doenças do sistema endócrino, reprodutivo, nervoso e imunológico. Mesmo com o tratamento de efluentes na fábrica, as dioxinas permanecem e são lançadas nos rios, contaminando a água, o solo e conseqüentemente a vegetação e os animais – inclusive os que são usados para consumo humano -.  No organismo dos animais e do homem, as dioxinas têm efeito cumulativo, ou seja, não são eliminadas e vão se armazenando nos tecidos gordurosos do corpo.

Os impactos sobre a biodiversidade, a utilização de agrotóxicos nas plantações e os impactos sobre a agropecuária também foram debatidos. A ambientalista Kathia Monteiro, do Núcleo Amigos da Terra/Brasil questionou a empresa sobre a possibilidade utilizar espécies nativas para a produção de celulose e se existe estudos sobre a questão. Segundo Nunes a produção com outras espécies de árvores é utilizada na Indonésia, porém a qualidade da fibra é muito baixa, “nada se aproxima da produtividade do eucalipto”, explicou.

No final da reunião, ficou definido que ambientalistas e a empresa devem realizar mais encontros para discutir algumas questões mais profundamente, como o processo de branqueamento. Também, uma visita deverá ser agendada para conhecer a unidade de Guaíba.

Participaram do encontro o Núcleo Amigos da Terra/ Brasil, a Fundação Gaia, o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, a Comissão Pastoral da Terra, a União pela Vida e a Associação Amigos do Meio Ambiente e a Terra de Direitos.

Texto da jornalista Daniele Sallaberry, especial para a EcoAgência de Notícias – www.ecoagencia.com.br e saite do Núcleo Amigos da Terra Brasil – www.natbrasil.org.br

ENCONTRO POPULAR REÚNE ATINGIDOS PELO FURACÃO CATARINA

Araranguá, SC – O 1º Encontro da Região Sul sobre Fenômenos Naturais, Adversidades e Mudanças Climáticas: suas causas, efeitos e necessidades de adaptação ocorreu nos dias 14 e 15 de abril, e foi motivado pela passagem de um ano do Furacão Catarina, que devastou a região. O evento foi promovido pelos Sócios da Natureza e pelo Núcleo Amigos da Terra Brasil.

O objetivo foi debater publicamente e esclarecer os cidadãos sobre as causas, impactos e formas de enfrentamento dos fenômenos climáticos extremos, os quais, de acordo com todas as previsões, devem intensificar-se no quadro global de aquecimento do Planeta.

Os habitantes do sul de Santa Catarina e do nordeste do Rio Grande do Sul guardam na memória a madrugada entre os dias 27 e 28 de março de 2004. Os moradores chegaram a ser avisados pelas autoridades locais de que deveriam ficar em suas casas, porque um furacão estava vindo. As versões sobre a gravidade do fenômeno divergiam: uns diziam que seria um ciclone extratropical em alto-mar, fenômeno normal no Atlântico Sul e outros já diziam que seria um furacão que avançaria sobre o litoral.

A sorte é que a passagem do mesmo foi durante a madrugada, e a população estava em suas casas, evitando assim consequências mais graves. As pessoas que não tiveram acesso às informações veiculadas pelos meios de comunicação, ou destes receberam informações equivocadas, foram as mais afetadas pela passagem do primeiro furacão da história do Atlântico Sul e do Brasil.

O sul de Santa Catarina é marcado por fenômenos climáticos e desastres naturais, devido as características físicas e geográficas de sua localidade. O ambiente da região é também impactado pelas ações antrópicas praticadas no local, destacando-se a mineração e a geração de energia através de termoelétricas baseadas em carvão mineral e as monoculturas de arroz e fumo. O furacão, portanto, acentuou esta situação de fragilidade da região, e principalmente da comunidade carente ali residente.

Terezinha da Rocha Quirino declarou em seu depoimento durante o evento: “Até a hora em que eu estava consciente o furacão foi terrível, não tinha explicação um vento tão forte. A gente não sabia o que ia acontecer. Estávamos trabalhando o dia inteiro na roça, e não tínhamos tempo de ouvir a televisão ou o rádio. Quando chegamos em casa já era noite e o Jornal Nacional deu a entender que não havia perigo.(…) Caíram 2 árvores em cima da nossa casa, e saímos correndo para a casa da vizinha. Na hora em que o vento parou, voltamos para casa para buscar roupa de cama e agasalho. Uma caiu sobre o carro e matou o meu marido. A partir daí, eu não vi mais nada porque desmaiei.”

O encontro buscou abrir os olhos dos participantes para as relações que existem entre os problemas locais e as mudanças climáticas que vêm ocorrendo no cenário global. Estes problemas vêm se entrelaçando mais e mais à medida que o homem vai intensificando as suas ações na natureza de forma insustentável e esta já não consegue mais absorver os impactos ambientais que tais ações ocasionam. Os temas são ainda bastante recentes e complexos, contudo houve uma grande participação dos afetados e de educadores.

A presença de professores do ensino médio, liberados pelas redes estadual e municipais de ensino, conferiu um grau maior de importância ao evento, haja visto o que isto resultará em termos de educação ambiental para crianças e adolescentes e de difusão para toda a população.

Os afetados, como Dona Terezinha, tiveram espaço no Encontro, descreveram como foi a passagem do Furacão, seus prejuízos, e demonstraram a necessidade de informação sobre o que aconteceu e de como agir nestas situações de eventos extremos, demandando que esta seja uma informação acessível à comunidade carente – os mais afetados pelas mudanças climáticas.

A presença e as valiosas informações prestadas pela Defesa Civil foram uma forma de capacitação da comunidade para o enfrentamento das adversidades climáticas. Os cidadãos solicitaram que o tema seja abordado e aprofundado nos municípios vizinhos, que haja audiências públicas, ou seja, que o tema continue a ser discutido com a participação dos atingidos e de toda a comunidade. Com isto se notou a importância da discussão sobre os temas de adaptação às mudanças climáticas, mitigação dos impactos e alternativas de prevenção.

O evento teve a presença de mais de 700 participantes, cidadão comuns, numa cidade situada longe dos centros urbanos, onde os moradores atingidos pelas mudanças climáticas se reconheceram enquanto tal, refletindo sobre as suas condições de vulnerabilidade. Este foi o início da conscientização de um problema global e uma oportunidade de reflexão e busca de soluções às questões ambientais locais.

Texto e fotos distribuídos pelo Núcleo Amigos da Terra Brasil

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