AMBIENTALISTAS E ARACRUZ DISCUTEM IMPACTOS DE FÁBRICA DE CELULOSE NO RS

A Aracruz realizou na última sexta-feira, em Porto Alegre, reunião com entidades ambientalistas para discutir localização de empreendimento. Não houve novidades. Espera receber as entidades na sua fábrica local.

Porto Alegre, RS – Muitas foram as questões levantadas pelas organizações ambientalistas gaúchas na reunião promovida pela Aracruz Celulose na qual foi apresentada o possível projeto de ampliação da empresa. O encontro aconteceu nesta sexta-feira (6), no Hotel Embaixador, em Porto Alegre.

Segundo o diretor de operações, Walter Lídio Nunes, a companhia está ainda estudando o melhor local para instalar a empresa, “estamos analisando e levando em conta todas as perspectivas: aspectos logísticos, florestais e sociais”, explicou.

A companhia pretende construir uma planta industrial com capacidade para 1 milhão de toneladas/ano de celulose. Junto com o Rio Grande do Sul, concorrem Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Atualmente com 42 mil hectares de plantações de eucaliptos no estado gaúcho, distribuídos em 24 municípios da região metropolitana e Vale do Jacuí, a empresa, com a possível ampliação, deve plantar mais 100 mil hectares.

Os  ambientalistas demonstraram grande preocupação com o branqueamento da celulose, um processo que envolve várias lavagens para retirar impurezas e clarear a pasta que será usada para fazer o papel. “Eu acho um absurdo que tenha papel higiênico branqueado”, questionou Vicente Medaglia do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais.

O uso de produtos químicos altamente tóxicos na separação e no branqueamento da celulose representa um sério risco para a saúde humana e para o meio ambiente – comprometendo a qualidade da água, do solo e dos alimentos. Até pouco tempo, o branqueamento era feito com cloro elementar, que foi substituído pelo dióxido de cloro para minimizar a formação de dioxinas (compostos organoclorados resultantes da associação de matéria orgânica e cloro).

Embora essa mudança tenha ajudado a reduzir a contaminação, ela não elimina completamente as dioxinas. Esses compostos, classificados pela Agência Ambiental Norte-Americana (EPA), como o mais potente cancerígeno já testado em laboratórios, também estão associados a várias doenças do sistema endócrino, reprodutivo, nervoso e imunológico. Mesmo com o tratamento de efluentes na fábrica, as dioxinas permanecem e são lançadas nos rios, contaminando a água, o solo e conseqüentemente a vegetação e os animais – inclusive os que são usados para consumo humano -.  No organismo dos animais e do homem, as dioxinas têm efeito cumulativo, ou seja, não são eliminadas e vão se armazenando nos tecidos gordurosos do corpo.

Os impactos sobre a biodiversidade, a utilização de agrotóxicos nas plantações e os impactos sobre a agropecuária também foram debatidos. A ambientalista Kathia Monteiro, do Núcleo Amigos da Terra/Brasil questionou a empresa sobre a possibilidade utilizar espécies nativas para a produção de celulose e se existe estudos sobre a questão. Segundo Nunes a produção com outras espécies de árvores é utilizada na Indonésia, porém a qualidade da fibra é muito baixa, “nada se aproxima da produtividade do eucalipto”, explicou.

No final da reunião, ficou definido que ambientalistas e a empresa devem realizar mais encontros para discutir algumas questões mais profundamente, como o processo de branqueamento. Também, uma visita deverá ser agendada para conhecer a unidade de Guaíba.

Participaram do encontro o Núcleo Amigos da Terra/ Brasil, a Fundação Gaia, o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, a Comissão Pastoral da Terra, a União pela Vida e a Associação Amigos do Meio Ambiente e a Terra de Direitos.

Texto da jornalista Daniele Sallaberry, especial para a EcoAgência de Notícias – www.ecoagencia.com.br e saite do Núcleo Amigos da Terra Brasil – www.natbrasil.org.br

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